Por Midian Bispo*
Com abertura política que pôs fim a quase duas décadas de ditadura militar, os sindicatos brasileiros começaram a se reorganizar de forma diferenciada do que acontecia no pré-64. O sindicalismo "pelego" ou inativo foi rapidamente destituído por suas lideranças ativas, independente de ser mais ou menos negociadoras ou confrontacionistas ( BOITO, JR.:1991)
Ao longo da década de 1980, concomitantemente ao recuo da vigilância governamental dentro dos sindicatos e ao surgimento do "novo sindicalismo"6, crescem as reivindicações com vistas à redemocratização no país e esses movimentos têm seu ponto alto a partir das greves dos metalúrgicos do ABC paulista. No final desta década, mais especificamente em 1987 e 1988, os sindicatos entram nas discussões sobre a democratização da comunicação no Brasil, através do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista que enfrenta o então governo Sarney e tenta furar o bloqueio das concessões de mídia eletrônica no país. Esse sindicato formaliza um pedido oficial de outorga de rádio com o propósito de produzir notícias sob a ótica e para os trabalhadores, em contraposição às matérias veiculadas nos principais telejornais brasileiros. "A proposta dos metalúrgicos evidenciava a percepção dos trabalhadores de que não era mais possível limitar a sua voz aos folhetos e megafones dos portões das fábricas".
É nessa fase em que se situa o período de contraposição da comunicação sindical, que procurava dar a versão dos trabalhadores no momento político em que as entidades sindicais não tinham vez nem voz na imprensa tradicional. A omissão dos veículos de comunicação de massa era respondida com a edição de materiais que resgatavam a visão dos trabalhadores.
Esta etapa da imprensa operária é caracterizada por Ferreira (FERREIRA: 1988) como uma imprensa sindical propriamente dita e diferencia-se das anteriores por dois aspectos que permanecem nos dias de hoje: em primeiro lugar no seu aspecto formal, não é mais feita por operários em uma tipografia ou gráficas cedidas por operários, muitas vezes clandestinamente.Os periódicos passam a ser produzidos em gráficas pertencentes aos próprios sindicatos ou em empresas especializadas. Algumas empresas são especializadas em imprensa sindical como é o caso da Oboré. Do ponto de vista da elaboração intelectual do jornal, já não é mais o operário quem faz a notícia e sim um jornalista, um trabalhador assalariado, o responsável pelo jornal sindical.Ou seja, a figura do jornalista da classe operária, saído da própria classe, sai de cena na nova imprensa sindical.
Outro aspecto muito importante ressaltado por Ferreira ( FERREIRA: 1988: Pág 55) é a mudança no conteúdo do jornal operário:"Se, por um lado, continua a divulgar os problemas atinentes ao operariado, por outro tende a apresentar as proposições das diretorias ou seja, do ponto de vista de uma linha opinativa, estaria mais predisposta a seguir a linha da diretoria de turno e não da categoria que o sindicato representa".
Do ponto de vista do conteúdo deve-se assinalar a prevalência do fator econômico sobre o político.O forte dos jornais sindicais, sobretudo os cutistas, que passaram a ser elaborados ao longo da década de 1980 são as reivindicações econômicas as campanhas salariais e o fortalecimento da CUT, maior detentora de sindicatos afiliados. Assim colocam-se também as denúncias contra o governo e os patrões.
Também, a partir desse período, a comunicação sindical extrapola os materiais impressos. No começo da década de 80, aparecem os primeiros vídeos e, no começo dos anos 90, a exemplo do que já acontecia no sindicalismo rural, os sindicatos urbanos passam a utilizar outros veículos, comprando espaço em rádios comerciais para colocar no ar seus programas como os metalúrgicos e os bancários7 Diferentemente do que aconteceu em países como Chile e Argentina, somente em 1995 o movimento sindical e popular passou a dar atenção a outras possibilidades, como a utilização de rádios livres para divulgação dos seus programas.
No final da década de 90, a comunicação sindical no Brasil atingiu o estágio da profissionalização com redações informatizadas nos jornais das principais categorias do país, o que faziam com que estas se distanciassem, e muito, das antigas redações sindicais, onde apenas um ou uns poucos diretores se encarregavam de todos os textos.
Hoje, a imprensa sindical procura chegar à totalidade dos trabalhadores e por ela ser entendida. Continua sendo o elo entre a categoria e a direção do sindicato e reflete o grau de luta e trabalho da categoria. Compõe-se para isso, de vários instrumentos de comunicação: jornais regulares, boletins mensais, quinzenais, semanais e diários, rádios, carros de som, sites na internet, volantes, folders e folhetos, que são distribuídos e usados em greves, manifestações de protesto, de eleições, e em outros eventos.
De acordo com dados da Central Única dos Trabalhadores – CUT -, hoje são editados mensalmente cerca de 30 milhões de jornais cutistas no Brasil. A comunicação sindical assumiu tamanha importância que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - incluiu o item imprensa sindical em seus levantamentos. Isso não significa, contudo, que essa comunicação não apresente problemas.
Ao longo da década de 1980, concomitantemente ao recuo da vigilância governamental dentro dos sindicatos e ao surgimento do "novo sindicalismo"6, crescem as reivindicações com vistas à redemocratização no país e esses movimentos têm seu ponto alto a partir das greves dos metalúrgicos do ABC paulista. No final desta década, mais especificamente em 1987 e 1988, os sindicatos entram nas discussões sobre a democratização da comunicação no Brasil, através do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista que enfrenta o então governo Sarney e tenta furar o bloqueio das concessões de mídia eletrônica no país. Esse sindicato formaliza um pedido oficial de outorga de rádio com o propósito de produzir notícias sob a ótica e para os trabalhadores, em contraposição às matérias veiculadas nos principais telejornais brasileiros. "A proposta dos metalúrgicos evidenciava a percepção dos trabalhadores de que não era mais possível limitar a sua voz aos folhetos e megafones dos portões das fábricas".
É nessa fase em que se situa o período de contraposição da comunicação sindical, que procurava dar a versão dos trabalhadores no momento político em que as entidades sindicais não tinham vez nem voz na imprensa tradicional. A omissão dos veículos de comunicação de massa era respondida com a edição de materiais que resgatavam a visão dos trabalhadores.
Esta etapa da imprensa operária é caracterizada por Ferreira (FERREIRA: 1988) como uma imprensa sindical propriamente dita e diferencia-se das anteriores por dois aspectos que permanecem nos dias de hoje: em primeiro lugar no seu aspecto formal, não é mais feita por operários em uma tipografia ou gráficas cedidas por operários, muitas vezes clandestinamente.Os periódicos passam a ser produzidos em gráficas pertencentes aos próprios sindicatos ou em empresas especializadas. Algumas empresas são especializadas em imprensa sindical como é o caso da Oboré. Do ponto de vista da elaboração intelectual do jornal, já não é mais o operário quem faz a notícia e sim um jornalista, um trabalhador assalariado, o responsável pelo jornal sindical.Ou seja, a figura do jornalista da classe operária, saído da própria classe, sai de cena na nova imprensa sindical.
Outro aspecto muito importante ressaltado por Ferreira ( FERREIRA: 1988: Pág 55) é a mudança no conteúdo do jornal operário:"Se, por um lado, continua a divulgar os problemas atinentes ao operariado, por outro tende a apresentar as proposições das diretorias ou seja, do ponto de vista de uma linha opinativa, estaria mais predisposta a seguir a linha da diretoria de turno e não da categoria que o sindicato representa".
Do ponto de vista do conteúdo deve-se assinalar a prevalência do fator econômico sobre o político.O forte dos jornais sindicais, sobretudo os cutistas, que passaram a ser elaborados ao longo da década de 1980 são as reivindicações econômicas as campanhas salariais e o fortalecimento da CUT, maior detentora de sindicatos afiliados. Assim colocam-se também as denúncias contra o governo e os patrões.
Também, a partir desse período, a comunicação sindical extrapola os materiais impressos. No começo da década de 80, aparecem os primeiros vídeos e, no começo dos anos 90, a exemplo do que já acontecia no sindicalismo rural, os sindicatos urbanos passam a utilizar outros veículos, comprando espaço em rádios comerciais para colocar no ar seus programas como os metalúrgicos e os bancários7 Diferentemente do que aconteceu em países como Chile e Argentina, somente em 1995 o movimento sindical e popular passou a dar atenção a outras possibilidades, como a utilização de rádios livres para divulgação dos seus programas.
No final da década de 90, a comunicação sindical no Brasil atingiu o estágio da profissionalização com redações informatizadas nos jornais das principais categorias do país, o que faziam com que estas se distanciassem, e muito, das antigas redações sindicais, onde apenas um ou uns poucos diretores se encarregavam de todos os textos.
Hoje, a imprensa sindical procura chegar à totalidade dos trabalhadores e por ela ser entendida. Continua sendo o elo entre a categoria e a direção do sindicato e reflete o grau de luta e trabalho da categoria. Compõe-se para isso, de vários instrumentos de comunicação: jornais regulares, boletins mensais, quinzenais, semanais e diários, rádios, carros de som, sites na internet, volantes, folders e folhetos, que são distribuídos e usados em greves, manifestações de protesto, de eleições, e em outros eventos.
De acordo com dados da Central Única dos Trabalhadores – CUT -, hoje são editados mensalmente cerca de 30 milhões de jornais cutistas no Brasil. A comunicação sindical assumiu tamanha importância que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - incluiu o item imprensa sindical em seus levantamentos. Isso não significa, contudo, que essa comunicação não apresente problemas.
* Midian Bispo é jornalista e estudante da especialização em Gestão da Comunicação Organizacional Integrada-UFBA
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