quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Profissionais e entidades lançam carta aberta contra cobertura dos rios

Assinada por dezenas de pesquisadores, engenheiros, ambientalistas e entidades da sociedade civil organizada e do movimento sindical, entre elas o Sindae, está sendo divulgada uma Carta Aberta à população de Salvador apontando o engodo que é o tamponamento dos rios de nossa cidade. No documento, citam que cobrir os rios se tornou regra, como única solução para o esgoto nas águas, o destino do lixo e a presença de odores e mosquitos.

Isso tudo acontece no momento em que está sendo coberto o Rio Lucaia (Av. Vasco da Gama), a um custo de R$ 49,48 milhões, seguindo o destino dado aos dos rios que atravessam o Imbui e a Avenida Centenário. Para os que assinam a carta, é uma tecnologia anacrônica, uma forma errada de atuar sobre os rios e que não escondem a forma encontrada pela Prefeitura, subsidiada por gordos recursos públicos federais (Ministério das Cidades) e com a conivência da maioria dos membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Para os que defendem essas obras, a desculpa é simples: não temos rios, temos canais de esgoto.

A falta de investimentos em infraestrutura viária, a entrega do solo urbano ao capital imobiliário, que não distingue elementos importantes da paisagem, tem gerado também enormes défi cits no sistema de mobilidade e de espaços públicos em Salvador. Assim, esses aspectos da cidade, fundamentais para a qualidade de vida urbana, e que deveriam ser prioritários no processo de desenvolvimento urbano, servem agora também como argumentos para a destruição dos rios.

Têm sido emblemáticas as iniciativas para despoluição e reintegração às cidades dos rios Tâmisa a Londres, Sena a Paris, Cheonggyecheon a Seul, dentre outros, e no Brasil os casos dos rios das Velhas a Belo Horizonte, rio Barigui a Curitiba, além de ações iniciais para melhoria do Tietê em São Paulo. Salvador caminha na contramão dessa tendência.

Sob a égide da ganância imobiliária, tem-se avançado desenfreadamente sobre áreas remanescentes de vegetação, aterrado lagoas e cursos d'água, na pressa em aproveitar o momento econômico de uma população de classe média que se endivida avidamente, e sem os limites de um efetivo e consequente ordenamento e controle do uso do solo urbano por parte do Poder Público.


Por: Sindae

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