sábado, 2 de julho de 2011

O papel de Bretton Woods no sistema capitalista

O texto de Belluzo nos mostra que o capitalismo praticado nos anos 20 e 30 transformou a concorrência em monopólio, praticou o protecionismo, arrasou com as moedas nacionais e gerou desemprego. Essa experiência negativa deixou a lição de que era preciso a constituição de uma instância pública de decisão capaz de disciplinar e coordenar os megapoderes da grande empresa privada e do capital financeiro.

Após a Segunda Guerra, o objetivo dos países capitalistas era uma ordem internacional estável e regulada e o acordo de Bretton Woods teve o objetivo de estabelecer um conjunto de relações comerciais, produtivas, tecnológicas e financeiras sob a liderança dos Estados Unidos que adotodava o modelo keynesiano. O Fundo Monetário Internacional foi criado para exercer as funções de regulação de liquidez e de realização de empréstimos, mas o enfraquecimento do Fundo se deu por conta da submissão ao poder e aos interesses dos Estados Unidos. A proposta de Keynes de criação de um Banco Central dos bancos centrais também tinha um papel regulador, na medida em que pretendia a distribuição mais equitativa do ônus do ajustamento dos desequilíbrios dos balanços de pagamentos entre deficitários e superavitários, facilitando o crédito aos países deficitários e penalizando os países superavitários. Mas essa proposta não foi posta em prática por conta dos interesses norte-americanos.

O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial foram instituições importantes no processo de desenvolvimento do capitalismo após a Segunda Guerra e contribuiu para resultados favoráveis, até meados da década de 1970, com relação as elevadas taxas de crescimento do produto, salários reais, comportamento da inflação e estabilidade das taxas de juros e de câmbio. Apesar da atuação dessas instituições não ter sido exatamente da forma como foi pensada por Keynes e Dexter White.

Durante o final da década de 1970 e início da de 1980 a economia mundial foi afetada por amplas flutuações nas taxas de câmbio devido a crescente mobilidade de capitais de curto prazo que obrigou a seguidas intervenções na política monetária, determinando oscilações entre taxas de juros de diversas moedas e criando severas restrições a ação da política fiscal. Esse ambiente de instabilidade financeira e descentralização do sistema financeiro internacional pode ser entendido como a generalização e a supremacia do mercados de capitais em substituição à dominância anterior do sistema de créditos comandado pelos bancos. Esse foi um dos principais motivos da crise do sistema de Bretton Woods e os primeiros passos da construção internacional do neoliberalismo.

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