segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Teoria e prática no movimento sindical

O movimento sindical brasileiro vive um momento único desde a posse do ex-Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, em 2002. Após anos de luta pela democracia, durante a ditadura, e pela eleição de um presidente que fosse oriundo da classe trabalhadora, o movimento sindical se deparou com um processo de aperfeiçoamento das suas práticas e que colocou em debate a sua própria autonomia.



Oito anos se passaram e o movimento sindical se deparou com a primeira disputa eleitoral sem a presença do ex-operário e sindicalista como figura principal, após a redemocratização do país. A vitória da atual Presidente deve ser o momento do sindicalismo brasileiro começar a repensar a sua atuação e capacidade de mobilização. Já que esse é um processo que deve acontecer constantemente, principalmente quando há uma mudança na Presidência da República, mesmo que essa mudança represente a continuidade de um projeto político.



O debate de concepção sindical precisa ser realizado periodicamente, mesmo porque o processo de produção dentro do sistema capitalista também está sendo aperfeiçoado com frequência. Não dá para fazer sindicalismo sem reforçar as concepções e renovar as práticas. A mais recente prova disso foi as centrais sindicais ter perdido o debate político para o Governo Federal com relação ao reajuste do salário mínimo, que é a maior negociação coletiva do Brasil. Mesmo perdendo o debate, esse foi um processo que beneficiou o sindicalismo no Brasil porque devolveu ao movimento sindical um pedaço da outra parte da responsabilidade sobre a luta da classe trabalhadora. A autenticidade do movimento sindical brasileiro sempre se deu através da sua capacidade de enfrentar as mudanças conjunturais e rediscutir os seus modelos de atuação.



Agora é outro momento de pôr essa capacidade em prática. Já que me refiro a um sindicalismo que defende os interesses da classe trabalhadora; que amplia o debate para além do corporativismo; que possibilita a participação e respeita a decisão da sua base de atuação; que é independente e tem a capacidade de decidir sobre a sua forma de sustentação financeira; que é autônoma e não segue orientação de partidos, agrupamentos políticos, credos, religiões e quaisquer organismos de caráter programático e institucional; que garante a pluralidade do debate e da participação na estrutura sindical, respeitando as diferenças físicas, de gênero, cor, orientação sexual, religião, geração e outras. A concepção e a prática devem ser aperfeiçoadas no movimento sindical brasileiro.



Texto publicado no jornal da Associação Comercial e Industrial de Alagoinhas, edição nº 4, de março de 2011.

2 comentários:

  1. Prezado Blogger,

    Texto muito enfático no que diz respeito a mudança do movimento sindical. De fato, a abordagem deve ser diferenciada. Acredito que vem ai uma mudança natural por conta das concepções,situação economica, adventos tecnologicos, etc. Sendo assim, o papel do sindicalismo vai muito além das poucas linhas estatututarias. É momento propicio para que os trabalhadore/as aglutinem as tendências democraticas debatidas dentro das cameras sindicais.

    Forte abraço,

    Edmilson Barbosa

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  2. O conceito de Novo Sindicalismo propõe essa abrangência na abordagem do debate sobre o desenvolvimento da sociedade. O movimento sindical é um dos espaços mais maduros para ampliar a discussão de um projeto de desenvolvimento para o país.

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